Dietas low-carb são seguras para tratar gordura no fígado?

Nos últimos anos, dietas low-carb – dietas com pouco carboidrato – têm ganhado destaque como uma alternativa eficaz para a perda de peso e melhoria de diversos indicadores de saúde. 

Entre as condições que despertam interesse no uso dessa abordagem alimentar está a esteatose hepática, popularmente conhecida como gordura no fígado. Com o aumento dos casos dessa condição, que pode levar a complicações mais graves como a cirrose, torna-se essencial entender se a redução de carboidratos na dieta pode ser uma estratégia segura e eficaz para seu tratamento. 

Neste artigo, você vai conhecer o que se sabe sobre o impacto das dietas low-carb na saúde do fígado, bem como suas possíveis vantagens e riscos!

O que é esteatose hepática?

A esteatose hepática, ou gordura no fígado, é quando há muita gordura acumulada nas células desse órgão, o que pode acontecer por várias razões, mas geralmente está ligado a uma alimentação ruim, falta de exercício e excesso de peso. Existem dois tipos principais: um ligado ao consumo de álcool e outro que ocorre em pessoas que bebem pouco ou nada de álcool.

O fígado é um órgão importante que ajuda a controlar as gorduras no corpo. Quando há um problema nesse controle, a gordura pode se acumular no fígado. Muitas vezes, a gordura no fígado não causa sintomas, mas algumas pessoas podem sentir cansaço, dor na barriga ou na digestão.

Para descobrir se alguém tem gordura no fígado, os médicos usam exames de imagem, como ultrassom, que mostram a quantidade de gordura no fígado. Também podem fazer exames de sangue para ver como o fígado está funcionando e garantir que não haja outros problemas.

Se a gordura no fígado não for tratada, pode levar a problemas mais sérios, como inflamação, cicatrizes no fígado, e em casos graves, até câncer. Por isso, é importante cuidar da saúde comendo bem e fazendo exercícios regularmente para evitar ou tratar essa condição.

Como as dietas low-carb funcionam?

As dietas low-carb, ou de baixo carboidrato, são planos alimentares que reduzem a quantidade de carboidratos consumidos, focando em aumentar a ingestão de proteínas e gorduras saudáveis. 

O objetivo principal dessas dietas é alterar a forma como o corpo usa energia, incentivando-o a queimar gordura em vez de carboidratos. Para isso, elas seguem alguns princípios, como: 

✅ Redução de carboidratos – As dietas low-carb limitam alimentos ricos em carboidratos, como pães, massas, arroz e açúcares. Em vez disso, incentivam o consumo de vegetais, carnes, peixes, ovos, nozes e sementes.

✅ Aumento de proteínas e gorduras – Para compensar a redução de carboidratos, essas dietas aumentam a ingestão de proteínas e gorduras. Alimentos como carne, peixe, ovos, abacate, azeite e manteiga são comuns nessas dietas.

✅ Equilíbrio nutricional – Embora reduzam carboidratos, as dietas low-carb ainda priorizam a ingestão de nutrientes essenciais, incluindo fibras, vitaminas e minerais, geralmente obtidos através de vegetais e frutas com baixo teor de carboidratos.

Tipos de dietas low-carb

Existem várias abordagens dentro das dietas low-carb, cada uma com suas próprias regras e restrições. Alguns dos tipos mais populares incluem:

✅ Dieta cetogênica – Foca em reduzir drasticamente os carboidratos (geralmente abaixo de 50 gramas por dia) para induzir um estado de cetose, onde o corpo queima gordura como principal fonte de energia.

✅ Dieta Atkins – Inicia com uma fase de ingestão muito baixa de carboidratos, aumentando gradualmente a quantidade permitida à medida que a pessoa se aproxima de seu peso ideal.

✅ Dieta Paleo – Embora não seja estritamente low-carb, a dieta paleo elimina alimentos processados e açúcares, o que naturalmente reduz a ingestão de carboidratos.

✅ Dieta low-carb e high fat – Enfatiza o consumo de gorduras saudáveis enquanto mantém os carboidratos em níveis baixos.

Como as dietas low-carb agem no fígado

As dietas low-carb podem ter um impacto significativo na saúde do fígado, especialmente no tratamento da esteatose hepática, através de diversos mecanismos de ação. Aqui estão algumas formas:

Redução do acúmulo de gordura no fígado

Quando a ingestão de carboidratos é reduzida, o corpo tende a usar a gordura armazenada como fonte de energia. Isso pode levar a uma diminuição do acúmulo de gordura no fígado, ajudando a reverter a esteatose hepática. A redução de carboidratos também pode diminuir a síntese de novos ácidos graxos no fígado, reduzindo ainda mais o acúmulo de gordura.

Melhoria da sensibilidade à insulina

Dietas low-carb podem melhorar a sensibilidade à insulina, um hormônio que ajuda a regular os níveis de açúcar no sangue. A resistência à insulina é um fator de risco para o desenvolvimento de gordura no fígado, pois pode levar ao aumento da produção de gordura hepática. Melhorar a sensibilidade à insulina ajuda a controlar melhor os níveis de glicose no sangue e a reduzir a lipogênese hepática (produção de gordura no fígado).

Diminuição da inflamação

A inflamação crônica é uma característica comum em pessoas com esteatose hepática. As dietas low-carb podem ajudar a reduzir marcadores de inflamação no corpo. Isso ocorre porque a redução de carboidratos, especialmente os refinados e açúcares, pode diminuir a produção de substâncias inflamatórias, aliviando o estresse no fígado.

Perda de peso e redução da gordura visceral

A perda de peso é um dos benefícios mais evidentes das dietas low-carb, e a redução da gordura visceral (gordura ao redor dos órgãos, incluindo o fígado) é particularmente benéfica para a saúde hepática. A perda de peso contribui para a melhora da função hepática e pode ajudar a reverter a esteatose hepática.

Aumento da oxidação de ácidos graxos

Com menos carboidratos disponíveis, o corpo aumenta a oxidação de ácidos graxos para obter energia. Isso não apenas contribui para a perda de peso, mas também ajuda a reduzir o acúmulo de gordura no fígado.

Cuidados que devem ser tomados

As dietas low-carb, apesar de seus potenciais benefícios, também podem apresentar alguns riscos e considerações importantes que devem ser levados em conta antes de sua adoção. Aqui estão alguns pontos a serem considerados:

Possíveis efeitos Colaterais

✅ Cetoacidose – Em casos extremos, especialmente em pessoas com diabetes tipo 1, uma dieta extremamente baixa em carboidratos pode levar à cetoacidose, uma condição perigosa causada pelo acúmulo de cetonas no sangue.

✅ Sintomas iniciais – Muitas pessoas experimentam sintomas temporários quando começam uma dieta low-carb, conhecidos como “gripe low-carb” ou “gripe cetogênica”, que pode incluir dor de cabeça, fadiga, tontura, náusea e irritabilidade.

✅ Problemas digestivos – A redução de carboidratos pode diminuir a ingestão de fibras, levando a problemas digestivos como constipação. É importante incluir alimentos ricos em fibras, como vegetais de folhas verdes, para mitigar esse risco.

Contraindicações

✅ Condições médicas específicas – Pessoas com certas condições de saúde, como doenças renais, hepáticas ou pancreáticas, devem ter cuidado ao seguir uma dieta low-carb e fazê-lo sob supervisão médica.

✅ Gravidez e amamentação – Mulheres grávidas ou que estão amamentando devem ter cautela com dietas restritivas e buscar orientação médica para garantir que estejam recebendo nutrientes adequados.

Importância do acompanhamento médico e nutricional

Ao decidir iniciar uma dieta de baixo carboidrato, é crucial monitorar regularmente a saúde, especialmente os níveis de colesterol e função renal, para garantir que a dieta não esteja causando efeitos adversos. Para isso, o acompanhamento médico e a realização de exames é fundamental.

Além disso, um(a) nutricionista pode ajudar a personalizar a dieta para garantir que ela atenda às necessidades nutricionais individuais, evitando deficiências e promovendo uma alimentação equilibrada.

É importante manter uma dieta variada para garantir a ingestão de todos os nutrientes essenciais. Isso inclui consumir proteínas magras, gorduras saudáveis, e uma ampla gama de vegetais.

Em alguns casos, pode ser necessário suplementar a dieta com vitaminas e minerais, como vitamina D, cálcio e magnésio, para evitar deficiências.

Considerando esses riscos e considerações, é essencial que qualquer pessoa interessada em adotar uma dieta low-carb faça isso com cuidado e orientação adequada, garantindo que a dieta seja segura e benéfica para sua saúde individual.

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Por que pessoas magras podem ter fígado gordo?

Embora a gordura no fígado seja frequentemente associada ao sobrepeso e à obesidade, muitas pessoas magras também podem apresentar essa condição. 

O acúmulo de gordura no fígado, conhecido como esteatose hepática, pode ocorrer em pessoas magras devido a diversos fatores, como predisposição genética, alimentação, sedentarismo e até condições como a resistência à insulina.

Compreender por que o fígado gordo afeta também quem está dentro da faixa de peso saudável é importante para desmistificar a ideia de que apenas o excesso de peso causa problemas hepáticos. 

Continue lendo para entender os motivos!

O que é a esteatose hepática?

A esteatose hepática, também conhecida como “fígado gordo,” é uma condição em que há um acúmulo excessivo de gordura no interior das células do fígado. Esse processo acontece quando o fígado, que normalmente ajuda a metabolizar e distribuir gorduras, começa a armazená-las em quantidades elevadas, resultando em um órgão mais “gordo” do que o habitual. 

Em alguns casos, a esteatose hepática é silenciosa e assintomática, mas pode evoluir para problemas mais graves se não for acompanhada e tratada.

A esteatose hepática se divide em duas categorias principais:

✅ Esteatose hepática não alcoólica (EHNA) – Essa forma de fígado gordo não está relacionada ao consumo de álcool e é a mais comum. A EHNA é geralmente associada a fatores metabólicos, como obesidade, resistência à insulina, altos níveis de colesterol e triglicerídeos, e até predisposição genética. Surpreendentemente, essa condição também pode ocorrer em pessoas magras devido a uma combinação de fatores como genética, dieta e estilo de vida sedentário.

✅ Esteatose hepática alcoólica – Nesse tipo, o acúmulo de gordura no fígado é resultado do consumo excessivo de álcool, que interfere no metabolismo das gorduras. Isso pode desencadear inflamação e danos às células hepáticas, levando a condições mais graves, como hepatite alcoólica e cirrose, quando não controlado.

É importante notar que a esteatose hepática, independentemente de estar ou não associada ao álcool, pode progredir para formas mais severas de doença hepática, incluindo inflamação (esteato-hepatite), fibrose (cicatrização) e, em casos mais graves, até cirrose e câncer de fígado. 

Por que pessoas magras podem ter fígado gordo?

O fígado gordo (esteatose hepática) pode ser causado por uma combinação de fatores que vão além do índice de massa corporal (IMC) e incluem genética, dieta, estilo de vida e até alterações hormonais. 

Abaixo, exploramos os principais fatores que contribuem para o acúmulo de gordura no fígado em pessoas com peso considerado saudável.

Predisposição genética

A genética desempenha um papel importante no risco de desenvolver esteatose hepática. Algumas pessoas são geneticamente predispostas a armazenar gordura no fígado, mesmo quando não apresentam excesso de peso. 

Mutação em genes específicos pode afetar a forma como o corpo metaboliza gorduras, predispondo certos indivíduos a condições como resistência à insulina e acúmulo de gordura no fígado.

Dieta e estilo de vida

Mesmo em pessoas magras, uma dieta rica em alimentos processados, açúcar refinado, carboidratos simples e gorduras trans pode levar ao acúmulo de gordura no fígado. Alimentos como doces, refrigerantes e frituras, por exemplo, podem gerar uma sobrecarga de gordura e glicose no fígado, aumentando o risco de esteatose hepática. 

Além disso, o consumo excessivo de frutose (presente em bebidas adoçadas e muitos produtos industrializados) está fortemente ligado ao desenvolvimento de gordura hepática.

Sedentarismo e resistência à insulina

A falta de atividade física é outro fator que pode contribuir para o fígado gordo, mesmo em indivíduos magros. O sedentarismo, associado à resistência à insulina, afeta o metabolismo do corpo, facilitando o armazenamento de gordura no fígado. 

A resistência à insulina faz com que as células tenham dificuldade em utilizar a glicose no sangue, o que leva o fígado a converter o excesso de glicose em gordura.

Condições metabólicas e hormônios

Pessoas com alterações metabólicas, como a síndrome dos ovários policísticos (SOP) (no caso das mulheres), também podem ter um risco maior de desenvolver gordura no fígado, independentemente do peso. Além disso, condições hormonais que afetam o metabolismo de lipídios, como baixos níveis de hormônios sexuais em mulheres após a menopausa, também aumentam o risco de fígado gordo.

Esses fatores mostram que o fígado gordo não é exclusivo de pessoas com excesso de peso e que a saúde hepática está associada a uma série de influências, como genética e estilo de vida. 

Esteatose hepática dá algum sintoma?

Embora na maioria das vezes seja assintomática, a esteatose hepática (ou fígado gordo) pode apresentar alguns sinais e sintomas, mesmo em pessoas magras. 

Como a condição é associada mais frequentemente ao excesso de peso, os sinais podem passar despercebidos ou serem confundidos com outras questões de saúde. No entanto, reconhecer esses sinais é essencial para garantir um diagnóstico precoce e reduzir o risco de complicações.

Aqui estão alguns sintomas que podem indicar o acúmulo de gordura no fígado em pessoas magras:

✅ Fadiga e cansaço excessivo – O fígado gordo pode levar à sensação de cansaço e falta de energia. Isso ocorre porque a função hepática fica comprometida, prejudicando o metabolismo de nutrientes e a produção de energia. Essa fadiga pode ser confundida com cansaço normal, mas, quando persistente, é um sinal que merece atenção.

✅ Desconforto abdominal ou sensação de “peso” no lado direito – Algumas pessoas com esteatose hepática experimentam uma sensação de desconforto ou peso na região do abdômen, especialmente do lado direito, onde fica o fígado. Esse sintoma pode ser leve, mas quando recorrente ou associado a outros sinais, é um indicativo de que algo está acontecendo com o fígado.

✅ Inchaço abdominal – A presença de inflamação no fígado pode causar retenção de líquidos e inchaço abdominal, que muitas vezes é confundido com outros problemas gastrointestinais. Esse inchaço é resultado da disfunção hepática, que afeta a digestão e a distribuição de líquidos no organismo.

✅ Náusea e perda de apetite – Em alguns casos, o fígado gordo pode causar sintomas como náusea e perda de apetite. Esses sinais geralmente estão associados a estágios mais avançados ou inflamatórios da condição, mas são importantes de observar, pois indicam que o fígado não está funcionando como deveria.

👉 Saiba mais – Esteatose hepática tem cura? 

Diagnóstico da esteatose hepática em pessoas magras

Detectar esteatose hepática (fígado gordo) em pessoas magras pode ser desafiador, já que a condição é comumente associada ao excesso de peso e pode não apresentar sintomas claros. Por isso, é essencial que o diagnóstico inclua uma combinação de exames de imagem, análise clínica e exames laboratoriais para obter uma avaliação precisa da saúde hepática.

Aqui estão os principais métodos de diagnóstico para identificar a esteatose hepática em pessoas magras:

Exames de sangue

Exames de sangue são um primeiro passo importante. Eles medem níveis de enzimas hepáticas (como ALT e AST) e verificam marcadores de função hepática, glicose e lipídios. No entanto, nem sempre a esteatose hepática eleva essas enzimas, especialmente em estágios iniciais. Por isso, exames de sangue podem ser usados em conjunto com exames de imagem para confirmar o diagnóstico.

Ultrassonografia abdominal

A ultrassonografia (ou ecografia) é um exame de imagem comum e acessível que detecta alterações na densidade do fígado. No caso de esteatose hepática, o fígado apresenta um aspecto mais “brilhante” e ecogênico na imagem. Esse exame é não invasivo, de baixo custo e geralmente o primeiro solicitado para investigar gordura no fígado, especialmente em pessoas que não têm sintomas evidentes.

Elastografia hepática

A elastografia é uma técnica que usa ondas sonoras para medir a rigidez do fígado. Quando há acúmulo de gordura, o fígado pode se tornar mais rígido, e a elastografia consegue detectar essa alteração com precisão. É uma ferramenta útil para avaliar o nível de fibrose hepática e, em alguns casos, é mais eficaz que a ultrassonografia para detectar esteatose hepática em pessoas sem sobrepeso.

Ressonância magnética

A ressonância magnética é uma das técnicas mais precisas para quantificar o acúmulo de gordura no fígado. A RM com espectroscopia de próton pode medir a quantidade exata de gordura, diferenciando esteatose simples de inflamação e fibrose. Embora seja um exame mais caro e menos acessível, é especialmente útil em casos complexos ou quando é necessário um diagnóstico detalhado.

Biópsia hepática

A biópsia hepática é o método mais definitivo para diagnosticar a esteatose hepática e identificar seu estágio exato. No entanto, por ser invasiva, é indicada apenas em casos específicos, como quando há suspeita de inflamação ou fibrose avançada. A biópsia fornece uma análise detalhada do tecido hepático, permitindo que o médico observe o tipo e a quantidade de gordura, bem como a presença de inflamação ou cicatrizes.

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