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Câncer de Próstata: Tratamentos e Prevenção

O câncer de próstata é uma preocupação de saúde significativa para os homens em todo o mundo. Este tipo de câncer é o segundo mais comum entre os homens e pode afetar a qualidade de vida e a longevidade. No entanto, com diagnóstico precoce, tratamentos avançados e medidas de prevenção adequadas, é possível enfrentar essa doença de forma eficaz.

Neste artigo, exploraremos em detalhes os tratamentos disponíveis para o câncer de próstata, desde as opções para estágios iniciais até o tratamento de casos mais avançados. Além disso, discutiremos a importância da prevenção e do diagnóstico precoce, bem como as estratégias que os homens podem adotar para reduzir o risco de desenvolver o câncer de próstata.

A compreensão dos tratamentos e das medidas de prevenção é fundamental para a saúde dos homens e pode fazer a diferença no enfrentamento do câncer de próstata. Vamos explorar os detalhes e as opções disponíveis para que os homens possam tomar decisões informadas sobre sua saúde e bem-estar.

Tratamento para o Câncer de Próstata

Cirurgia

Os pacientes diagnosticados com câncer de próstata nos Estádios I e II, nos quais a doença está restrita à próstata e não invade sua cápsula, têm diversas opções de tratamento. Uma delas é a cirurgia, conhecida como prostatectomia radical. Durante essa intervenção, o cirurgião remove a próstata, as vesículas seminais e, ocasionalmente, os linfonodos regionais. A retirada da próstata completa é necessária, pois o câncer frequentemente é multifocal, afetando ambos os lobos da próstata.

Embora eficaz, a cirurgia pode resultar em complicações, incluindo disfunção erétil (que afeta 30% a 60% dos casos) e incontinência urinária grave (9%). O risco de disfunção erétil é maior em pacientes com mais de 65 anos. A prostatectomia radical pode ser realizada de diferentes maneiras, como via aberta, laparoscópica ou robótica. A cirurgia robótica é considerada uma evolução da técnica cirúrgica, proporcionando maior precisão na remoção da próstata, menos sangramento pós-operatório e uma melhor visualização do campo operatório. No entanto, os resultados oncológicos, incluindo as taxas de cura e os riscos de incontinência urinária e impotência sexual, são semelhantes aos da cirurgia aberta.

Após a cirurgia, o PSA (antígeno prostático específico) deve diminuir para valores menores que 0,1 ng/mL, sendo em muitos casos indetectável. Se houver elevações progressivas no PSA no futuro, é possível irradiar a área onde a próstata estava antes da cirurgia para tratar possíveis recidivas locais. Nos casos de aumento do PSA após cirurgia ou radioterapia, o exame PET-scan com PSMA, um marcador específico para o câncer de próstata, é recomendado para identificar possíveis recidivas.

Estudos recentes demonstraram que a associação do tratamento hormonal, que suprime a produção de testosterona, com a radioterapia pode aumentar as taxas de sucesso. A radioterapia é administrada na área prostática operada e, ocasionalmente, nos linfonodos da pelve.

Radioterapia

A radioterapia é outra opção de tratamento para o câncer de próstata, sendo utilizadas duas formas: radioterapia externa e braquiterapia (radioterapia interna).

Na radioterapia externa, o tumor de próstata é alvo de radiação por meio de exames de imagem e cálculos matemáticos. O tratamento geralmente dura sete a oito semanas, com sessões de segunda a sexta-feira. As técnicas de radioterapia evoluíram, permitindo uma precisão que minimiza os danos ao reto e à bexiga. No entanto, mesmo com técnicas modernas como a radioterapia de intensidade modulada (IMRT), cerca de 10% a 15% dos pacientes podem experimentar inflamação do reto e da bexiga, resultando em sintomas como ardência, sangramento, diarreia, urgência para evacuar e urinar. Em contrapartida, as taxas de incontinência urinária causada pela radioterapia são baixas, em comparação com a cirurgia, e as taxas de disfunção erétil são um pouco menores do que as da cirurgia.

A braquiterapia envolve a colocação de sementes radioativas no interior da próstata, introduzidas por via retal sob anestesia. Essa técnica é realizada em um único dia e não requer internação hospitalar. Os efeitos colaterais são semelhantes aos da radioterapia externa, mas geralmente menos intensos.

Active Surveillance (Observação Vigilante)

Nos últimos anos, estudos identificaram fatores prognósticos que distinguem tumores agressivos de cânceres de próstata de evolução lenta. Para pacientes nos Estádios I e IIA com tumores de baixa agressividade, a opção de observação vigilante, conhecida como active surveillance, se tornou uma estratégia válida. Estudos mostraram que o risco de morte por câncer de próstata nesses casos é inferior a 1%.

Cerca de dois terços dos pacientes não precisam de tratamento adicional, e aqueles que eventualmente são tratados apresentam taxas de cura semelhantes. A estratégia de observação vigilante é mais adequada para pacientes com tumores bem diferenciados, confinados à próstata e com baixos valores de PSA. Além disso, um teste chamado oncotype® avalia genes que controlam o comportamento do câncer a partir de uma biópsia, ajudando a selecionar pacientes com segurança para a observação vigilante.

Essa estratégia evita os efeitos colaterais, sofrimento e custos associados ao tratamento.

Radioterapia Combinada com Hormonioterapia

Quando o câncer de próstata atinge os Estádios IIIA, IIIB, IIIC ou IVA, com infiltração dos tecidos circundantes, o tratamento indicado é a radioterapia combinada com hormonioterapia. Essa abordagem busca reduzir os níveis de testosterona no organismo, uma vez que a testosterona estimula o crescimento do câncer de próstata.

A radioterapia externa é usada para atingir a próstata e os linfonodos regionais, enquanto a hormonioterapia é iniciada simultaneamente à radioterapia e mantida por três anos. Essa combinação tem demonstrado ser eficaz na melhora da sobrevida e qualidade de vida. Para casos mais avançados ou de maior risco, novos agentes inibidores hormonais orais também podem ser usados em conjunto com a terapia anti-hormonal tradicional.

Em situações especiais, a prostatectomia pode ser considerada em casos mais avançados, combinada com radioterapia e/ou tratamento hormonal.

Quimioterapia

Para pacientes no Estádio IVB, nos quais o câncer se espalhou para os ossos ou outros órgãos, a opção de tratamento é a hormonioterapia. Embora a hormonioterapia não cure o

câncer, é eficaz no controle da doença e na melhoria da qualidade de vida. Esta abordagem visa diminuir os níveis de testosterona, que alimentam o câncer de próstata.

Em casos de resistência ao tratamento hormonal, a quimioterapia pode ser indicada. As drogas mais comuns incluem docetaxel e cabazitaxel, administradas por via endovenosa a cada três semanas. A quimioterapia tem como objetivo reduzir a massa tumoral, controlar a doença e aliviar sintomas, como dor óssea.

Radiofármacos

Os radiofármacos, como o Rádio-223, são uma opção adicional no tratamento do câncer de próstata. Essas substâncias emitem micro-radiações que atingem tumores metastáticos de próstata no osso. O Rádio-223 aumenta a longevidade dos pacientes, melhora a qualidade de vida e reduz as complicações ósseas decorrentes das metástases.

Drogas Alvo Dirigidas

Em casos de câncer de próstata com mutações nos genes de reparo de DNA, como a mutação do BRCA2, o uso de olaparibe pode ser indicado. Essa droga impede que as células tumorais reparem o dano causado pelos tratamentos, mostrando respostas promissoras em pacientes que não respondem a outras terapias.

Medicações para Fortalecer os Ossos

Para prevenir complicações relacionadas aos ossos, medicamentos como o ácido zoledrônico e o denosumabe são usados. Essas drogas ajudam a fortalecer os ossos e reduzir os riscos de fraturas e dor óssea.

Tomando Decisões sobre o Tratamento

A escolha do tratamento depende do estágio da doença, da idade do paciente, de outras condições de saúde, da probabilidade de cura e das preferências do paciente em relação aos efeitos colaterais. É importante discutir todas as opções de tratamento com a equipe médica para tomar a decisão mais adequada.

Participação em Estudos Clínicos

Estudos clínicos podem ser uma opção para acessar novos tratamentos. No entanto, eles podem não ser adequados para todos os pacientes. Converse com seu médico para saber mais sobre estudos clínicos que possam ser adequados para você.

Métodos Complementares e Alternativos

Alguns pacientes consideram métodos complementares e alternativos, como vitaminas, ervas, acupuntura ou dietas especiais. É importante discutir essas opções com seu médico, pois muitos métodos não são cientificamente comprovados.

Interrupção do Tratamento

Em alguns casos, quando os tratamentos não controlam mais o câncer, pode ser apropriado considerar a interrupção do tratamento. Converse com sua equipe médica antes de tomar essa decisão, pois você ainda pode receber cuidados de suporte para aliviar sintomas e melhorar sua qualidade de vida, mesmo sem tratamento ativo.

Prevenção para o Câncer de Próstata

A prevenção do câncer de próstata é um aspecto crucial para a saúde dos homens. Embora alguns fatores de risco, como a idade e histórico familiar, não possam ser controlados, existem medidas que podem ajudar a reduzir o risco de desenvolver a doença. Aqui estão algumas estratégias de prevenção:

Dieta Saudável

Uma alimentação equilibrada desempenha um papel fundamental na prevenção do câncer de próstata. Recomenda-se o consumo de uma dieta rica em frutas, vegetais, grãos integrais e alimentos com baixo teor de gordura. O licopeno, encontrado em tomates e produtos à base de tomate, tem sido associado à redução do risco de câncer de próstata. Além disso, é importante limitar o consumo de carne vermelha e alimentos processados.

Manter um Peso Saudável

A obesidade está relacionada a um maior risco de câncer de próstata. Manter um peso saudável por meio de dieta e exercícios pode contribuir para a prevenção da doença.

Atividade Física

A prática regular de atividades físicas traz benefícios à saúde como um todo, incluindo a redução do risco de câncer de próstata. Recomenda-se pelo menos 150 minutos de exercícios moderados por semana.

Exames de Rotina

Exames de rotina, como o teste do PSA (antígeno prostático específico) e o toque retal, são essenciais para o diagnóstico precoce do câncer de próstata. Conversar com um médico sobre os exames recomendados é fundamental, especialmente para homens com fatores de risco.

Evitar o Tabagismo e o Consumo Excessivo de Álcool

O tabagismo e o consumo excessivo de álcool não estão diretamente ligados ao câncer de próstata, mas podem afetar a saúde geral e aumentar o risco de várias doenças, incluindo câncer. Portanto, evitar esses hábitos prejudiciais é aconselhável.

Conhecer seu Histórico Familiar

Pessoas com familiares de primeiro grau que tiveram câncer de próstata têm um risco maior de desenvolver a doença. Conhecer o histórico familiar é importante para avaliar o risco e tomar medidas preventivas.

Diagnóstico Precoce

O diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento do câncer de próstata. Homens devem estar cientes dos sintomas e realizar exames de rotina, conforme recomendado por seus médicos.

É importante lembrar que a prevenção e o diagnóstico precoce são a chave para combater o câncer de próstata. Conversar com um profissional de saúde e adotar um estilo de vida saudável são passos essenciais para reduzir o risco dessa doença.

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